sábado, 22 de janeiro de 2011

A vaquinha

30- Parábola Oriental.
Clevane Pessoa de Araújo Lopes

Vinha um mestre com seu discípulo lento
para entender maravilhas e mazelas
neste Mundo tão maravilhoso e estranho.
Tinham sede e fome mas nesse momento.
andavam sem casa, portas ou janelas ,
caminhavam por estradas sem tamanho...

O Mestre viu , no barranco, uma vaquinha:
-Olhe:por perto,acharemos alimentos...
Acharam um atalho da encruzilhada,
Uma decadente e velha fazendinha,
onde brincavam meninos remelentos,
que a mãe chamava, com roupa remendada.

E quando soube das suas necessidades
serviu-lhes uma sopa rala e um chazinho.
Seu marido ofereceu-lhes o paiol
para passarem a noite.Sem vaidades
o monge e o moço dormiram um pouquinho
foram embora quando nasceu o sol.

Dois copos de leite lhes deu o fazendeiro,
e revelou que a vaquinha era o sustento
da sua família que não plantava nada...
Soprou então, para economizar, o aceiro,
apagou o fogo e adormeceu num momento.
E então voltaram os monges, para a estrada...

"-Mestre, o senhor viu?Que pobreza,coitados!
e mesmo assim , nos trataram muito bem..."
O Monge mais velho o ouviu, sem comentar...
De repente, comendo os capins molhados,
encontraram a vaquinha um pouco além...
-"Mestre, então é nossa obrigação a abençoar!"

O sábio então, para ela pôs-se a correr.
O jovem ficou deveras encantado
por ter o mestre acatado a sugestão.
De repente, apavorado, pôde ver
quando o velho empurrou o animal tão abençoado
sem poder entender o gesto do ancião...

-"Mas por que ser assim ingrato, senhor?
A família,dessa vaquinha precisa!
Como é que agora, irão se alimentar?"
inconformado com esse desamor,
sentiu que se abalava a fé , antes precisa,
e tristonho, continuou seu caminhar.

E depois de andarilhar pelos caminhos
à mesma fazenda , vieram dar depois.
Viram adolescentes, alegres,fortes,
encontraram, cercas, celeiros novinhos,
E os pais logo vieram receber os dois.
-"De que forma puderam mudar as sortes?"

O novo monge estava maravilhado
e a bondosa mulher logo deu a a resposta,
ao servir-lhes farto e delicioso almoço:
-"A nossa vaca escorregou do cercado
nós precisamos defumar cada posta,
e aprender a fazer lingüiça, seu moço"...

"-Fiz horta para temperos verduras "
contou o orgulhoso dono da casa,
e negociamos a nossa produção...
Acabaram-se todas as aperturas,
porque a sorte, mesmo quando se atrasa,
sempre chega e clareia as idéias escuras."

Mais tarde, o monge novo comentou,
que agora entendia o porque da atitude,
daquele sábio de cabeça branquinha...
-"Veja, meu filho, tudo agora mudou,
trabalhar bastante é uma grande virtude,
ordene sempre que empurrem sua vaquinha..."

E quando não o fazem, empurre tu mesmo,
Ajuda-os a tomar novas atitudes
e a garra chega com as necessidades...
E assim as pessoas deixam de andar a esmo,
de serem passivas e sempre que as mudes,
saberão repassar essas novidades...

Cordelzinho inspirado no conto "Empurre sua Vaquinha",
em livre versão. O texto ,em prosa,correu pela Internet,
sem a devida autoria (*).
Hoje, fiz, em livre versão, esses versos para a ciranda.

Belo Horizonte, 25/01/2007


Publicado na Ciranda A vaquinha, na Ciranda de Letras, onde já participei várias vezes.(visite-a  para conhecer os demais autores e seus poemas) ):http://www.cirandasdeletras.cantodapoesia.net/a_vaquinha.htm

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