terça-feira, 11 de outubro de 2011

TOM ZÉ ANIVERSARIA e Everi Carrara anuncia e reverencia.-Eu também

 

TOM ZÉ, UM BRUXO EM PLENO SÉCULO 21.

Hoje é aniversário de TOM ZÉ, um ícone da Tropicália, seu filho mais fiel, mais criativo, e talvez, o menos reconhecido gênio do movimento musical. A primeira vez que ouvi TOM ZÉ, foi em disco vinil, o fantástico " Todos os Olhos",e jamais o esqueci, isso foi em meados dos anos 80. Depois disso, fui colecionando alguns de seus discos que quase nunca chegavam ao interior paulista. Tínhamos que nos deslocar de Araçatuba para Bauru, para fazermos compras de discos e coisas que tais. Eu me lembro do saudoso amigo e sensacional violonista ASTÉRIO ALVES, ainda no final dos anos 80, em seu quintal de casa,entre mangueiras, revoada de pássaros e vasos de flores e plantas, deixando em minhas mãos, os  discos CORREIO DA ESTAÇÃO DO BRÁS e  NAVE MARIA, duas obras primas de TOM ZÉ.

Eu ouvia tudo isso com imensa alegria de menino em busca de novos signos, horizontes e deleites musicais. E vejam que eu sempre gostei de rock and roll e música erudita - Ocorre que a música de TOM ZÉ é tão criativa e sedutora, que se condensa com outras maravilhas sonoras. Sua fala nordestina, sua humildade transcendente, sua rebeldia jornalística traduz esse encanto. Outros autores e compositores passaram,amarelaram com o tempo, mas a música de TOM ZÉ persiste desbravando o final do século 20, rastreando como serpente por sinuosas florestas coloridas de notas musicais imprevisíveis. Claro, penso que TOM ZÉ não faz música de simples improviso,porque o improviso requer muita técnica, conhecimento  e inventividade. 

Pois é, a sua música vai chegando devagar como um baião espacial, um telescópio sobre o planeta devastado pela superficialidade e o vazio de nossas vidas, como uma espécie de xamã, um bruxo em pleno século vinte e um. TOM ZÉ continua jovem, corajoso, não vendido ao mundinho barato da indústria musical, da globarbarização midiática, não leva um público imenso aos estádios de futebol, mas jamais envelhece com o passar dos tempos; TOM ZÉ é cíclico, mutante, é sempre outro, é paradoxalmente  o mesmo outro.

Ouçam os seus discos, leiam suas entrevistas e livros, mergulhem sem sua agenda de shows, comecem a sonhar de novo, é tempo de TOM ZÉ ,é tempo de maravilhar-se diante da probabilidade de novas descobertas. Um beijo no seu coração, querido amigo!
  (Texto de Everi Carrara)


everi rudinei carrara:consul dos poetas del mundo em araçatuba, músico, escritor,agente cultural, membro da Abrace/uruguay-brasil, membro da academia sala dos escritores, editor do site telescopio.vze.com

Everi Carrara jornaltelescopio@gmail.com parahana haruko 

Há anos, temos, Everi e eu, homenageado o artista.
Abaixo, textos de 2006 e 2008, publicados por mim com a parceria  inestimável de TELESCÓPIO também e em meus blogs.:

 REMEMÓRIA 1:

http://telescopio.blog.terra.com.br/2006/11/17/tom-zepor-clevane-pessoa/

TOM ZÉ,POR CLEVANE PESSOA

criado por telescopionegro    20:33 — Arquivado em: Sem categoria


Tom Zé,intem,numa entrevista, contou de seu impacto imagético ao deparar com as lavadeiras em sua terra;roupas de todas as cores, estendidas numa grama bem verde e as vozes a cantar, por exemplo, “Meu Limão , meu Limoeiro”.Com aquele sorriso maroto, mas comovido,Tom diz que elas faziam segundas vozes paralelas-e vai enumerando :terceiras, quartas…sextas vozes,enquanto falseteia os versos da canção, a imitar as lavadeirinhas (…) Mas, de retorno às lavadeiras, percebe-se o fascínio que elas causam nos nos artistas.Muitos renomados, por exemplo Gauguin, as pintaram.Muitos anônimos,em todos os países, e, no Brasil, em todas as cidades por onde passa um rio,também.
E elas cantam.Quase uma tradição.
Em Belo Horizonte, as alegres profissionais , apresentam-se acompanhadas do Carlos Farias,poeta e violonista, que as empoderou e divulgou, gravou com elas Cds, como o lindo”Aqua” e de vários outros artistas.
Qual a mágica?A água representa o movimento, a vida.Em última instãncia, o líquido amniótico, onde nadamos e nos nutrimos in útero.Nada que fica para trás é capaz de prendê-las .Odilo Costa,filho (*), revela,num verso:”tudo cede à força das águas”…A velha marchinha brasileira diz “a água lava, lava lava tudo/a água só não lava, a língua desta gente” - para as comunidades ribeirinhas, se os rios são piscosos, ninguém passa fome.Se há água ,ninguém fica com a roupa suja…Oriundas de época sem que não havia máquinas de lavá-las, as mulheres se unem , porque uma protege a outra,e formam um grupo.E cantam e cantam…
Nas regiões mais pobres,nunca, hão, talvez, de possuir uma lavadora.Mas suas mãos esfregarão onde for preciso.
O ditado “roupa suja se lava em casa” ,talvez tenha nascido,porque as fofoqueiras de plantão, ali deságuam todos os fuxicos e intrigas…à força de não querer sua vida pessoal levada à beira do rio, espera-se que a descrição dos mal-estares domésticos ,amorosos, profissionais, não saiam das “quatro paredes”…
Pearls,o papa da gestalterapia, afirmava sabiamente:”Não apresse o rio, Ele segue sozinho”…Moldadas por esse “caminho que anda”, essas mulheres que lavam aprendem uma filosofia de vida particular:tudo pode ser limpo.Nada quase é permanente.”Água mole em pedra dura,tanto bate até que fura”…Se não segurar bem a peça de roupa, ela pode ir embora.Segure, então, e muito bem por analogia, o marido, o filho, o emprego…
E as lendas das águas?O Boto,moço que gosta de dançar e que pode ser responsabilizado por barrigas indesejadas…A Iara, que os gregos conheciam como sereias, contadas por poetas, qual Circe, que seduziu Ulisses,rei de Ítaca, sim, aquele que deixou a Penélope a tecer à sua espera…tecedura que ela desmanchava escondido, para jamais terminar,pois se a concluísse,teria de escolher um marido substituto…
Minha mãe, nos contava a rir:“Havia uma mulher feia que queria casar.Um moço lhe diz que se ela suportar passar a noite dentro do rio, ele com ela casará, mesmo amando outra.
E a megera passa a noite tremendo e dizendo:”Treme , treme, corpo malvado:hoje estás tremendo e amanhã estás casado”…E o patinho feio se olha no espelho das águas,para verificar que cresceu, virou um príncipe…E Polegarzinha navega no rio sobre uma folha…Narciso, o que não se sabia belo, pois jamais olhara para outra pessoa, ao ver sua imagem no espelho aqualino,apaixona-se perdidamente pela beleza agora vista.E mergulha em busca desi mesmo, para a morte.Ah, quantas histórias, em todos os tempos e em todos os lugares…
CLEVANE PESSOA ARAÚJO/BELO HORIZONTE-MG

 

REMEMÓRIA 2:

 

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Poema de Everi Carrara para mim


Clevane Pessoa


O amigo Everi carrara avisa-me que enquanto ouve "Cloud Nine",disco de George Harrison, brota-lhe um poema surreal em minha homenagem.Aguardo e no dia seguinte, chega-me a precios/idade, que , evidentemente, adorei receber, ler e publico, aqui, para compartilhar:

Fotos:

Clevane, em auto-retratos, novembro de 2008

Everi Carrara

o Cônsul de poetas del Mundo em Araçatuba, Everi Carrara, de TELESCÓPIO
TEXTO DO EVERI RUDINEI

PARA CLEVANE PESSOA /

TEXTO DO EVERI RUDINEI



clevane irmã de 61 estrelas na face direita do sol
soprou sopa de letras gigantes em meus olhos
quando meu coração se encheu de risos
parecia conter praias novas ilhas douradas
& princesas negras tatuadas em longas luas
de sábado
clevane deusa viúva turquesa potiguara
mãe de allez o jovem herói dos tancredos
diz que o milagre cresce como os cabelos
CLEVANE IRMÃ DE 61 ESTRELAS

everir rudinei carrara
(ao som de cloud nine,disco de George Harrison)

>*<

Poeminha para mim Mesma

Clico meu própio rosto
o flash ofusca a face,
aparece a luz do des/gosto?

Clevane
<*>

Poemeto para Everi Carrara;

Flash Back:passado argamassa presente.
Todas as vivências são cimento e água,
todos os aparentes
desperdícios, sementes
que gerarão a messe.
o importante é, sobretudo, viver.

Clevane Pessoa

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