João Cabral de Melo Neto para Murilo Mendes
O poema abaixo, primor e inventiva, entre as mil invenções dizer poético sobre o encontro amoroso,sai das palavras precisas e algóricas de João Cabral de Melo Neto, Poeta maior,para Murilo Mendes.Penso-me se haveria no primeiro a clara intenção de homenagear o segundo, ao iniciar o poema, ou se intenção surgiu ao ler-se e deparar-se com paralelas murilianas...
Em Juiz de Fora, jovem repórter e crítica literária, eu vivia a ler A Idade do Serrote porque a inusitada e saborosa prosa poética de Murilo encantava-me.Já no Jornal Urgente, tablóide onde meu primeiro marido, o jornalista e poeta Messias da Rocha,divertia-se ao escrever com ironia ou charge e assim driblar a Censura, eu mantinha, seriamente, uma coluna horizontal de resenhas.Certa feita, escrevi sobre Murilo ("Murilo Mineiro Mendes", o título do artigo) e publiquei ao lado um poema do poeta Roberto Medeiros, que pertencia, como eu ao NUME(Núcleo Mineiro de Escritores) e à UBT, que eu presidia, um poema para a poetisa portuguesa Maria da Saudade Cortesão (o nome próprio, um poema), mulher de Murilo.
Mais tarde, já estudante de Psicologia, no CES, relia cada frase muriliana com a interpretação já sob a influência psicanalista.As suas histórias de parentes são insuperáveis, as metáforas ,originais entre originais...
De João Cabral de Melo Neto, seu Quaderna também mexia furiosamente mas silenciosamente com a minha calada alminha em gritos. Impressionou-me, entre outras montagens, uma do Grupo Divulgação-se não me falha a memória cansada de andanças- do Morte e Vida Severina.A rede onde o morto era cantado e dissecado verbalmente, junto às análises sócio-poéticas,permanece também em minha memória, junto com os versos.
Quando somos ou estamos jovens, tudo apresenta-se com um sabor de ambrosia e provamos licores, maná dos deuses. tampamos o nariz aos cheiros desagradáveis, mas continuamos a insistir.Mais velhos, carregamos esse jovem que nos viveu,na rede de nossas vivências atuais,e acreditamos que chegaremos a algum lugar, para salvá-lo, meio sem coragem de verificarmos se nosso jovem interior ainda está vivo.Algo em nós nos impede de ver se a juventude morreu.Porque nesse caso, teríamos de parar com a procissão de amigos e acompanhantes e perdermos um pouco do tempo que nos resta,para enterrar os sonhos...
Clevane Pessoa de Araújo Poeta honoris causa pelo CBLP para oito países lusófonos pelo CBLP.
Eis o poema de um poeta a outro, igualmente grande:
A MULHER E A CASA
Tua sedução é menos
de mulher do que de casa:
pois vem de como é por dentro
ou por detrás da fachada.
de mulher do que de casa:
pois vem de como é por dentro
ou por detrás da fachada.
Mesmo quando ela possui
tua plácida elegância,
esse teu reboco claro,
riso franco de varandas,
tua plácida elegância,
esse teu reboco claro,
riso franco de varandas,
uma casa não é nunca
só para ser contemplada;
melhor: somente por dentro
é possível contemplá-la.
só para ser contemplada;
melhor: somente por dentro
é possível contemplá-la.
Seduz pelo que é dentro,
ou será, quando se abra;
pelo que pode ser dentro
de suas paredes fechadas;
ou será, quando se abra;
pelo que pode ser dentro
de suas paredes fechadas;
pelo que dentro fizeram
com seus vazios, com o nada;
pelos espaços de dentro,
não pelo que dentro guarda;
com seus vazios, com o nada;
pelos espaços de dentro,
não pelo que dentro guarda;
pelos espaços de dentro:
seus recintos, suas áreas,
organizando-se dentro
em corredores e salas,
seus recintos, suas áreas,
organizando-se dentro
em corredores e salas,
os quais sugerindo ao homem
estâncias aconchegadas,
paredes bem revestidas
ou recessos bons de cavas,
estâncias aconchegadas,
paredes bem revestidas
ou recessos bons de cavas,
exercem sobre esse homem
efeito igual ao que causas:
a vontade de corrê-la
por dentro, de visitá-la.
efeito igual ao que causas:
a vontade de corrê-la
por dentro, de visitá-la.
João Cabral de Melo Neto: Quaderna, 1956-1959.
Dedicado a Murilo Mendes.
In Poesias Completas: 1940-1965. Rio de Janeiro: José Olympio, 1975
In Poesias Completas: 1940-1965. Rio de Janeiro: José Olympio, 1975
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Dois Livros
Dois LivrosClevane Pessoa de Araújo Lopes
Quaderna, de João Ca-bral
de Me-lo Ne-to
a perfeita cadência
contida no próprio nome,nordestino,
mexia furiosa/mente
mas silenciosa
mente com a minha calada
alminha em gritos.
Morte e Vida Severina:
morte e vida da menina,
que fui-serei
jovem mulher boquiaberta
ante o Chumbo daqueles anos.
de Me-lo Ne-to
a perfeita cadência
contida no próprio nome,nordestino,
mexia furiosa/mente
mas silenciosa
mente com a minha calada
alminha em gritos.
Morte e Vida Severina:
morte e vida da menina,
que fui-serei
jovem mulher boquiaberta
ante o Chumbo daqueles anos.
A Idade de Serrote,
de Murilo (Mineiro) Mendes,
serrava minhas resistências acadêmicas
restantes e condicionadas
e produzia
aparas de Poesia...
Descobri resiliências e resisti...
de Murilo (Mineiro) Mendes,
serrava minhas resistências acadêmicas
restantes e condicionadas
e produzia
aparas de Poesia...
Descobri resiliências e resisti...
Dois Livros
Clevane Pessoa de Araújo LopesQuaderna, de João Ca-bral
de Me-lo Ne-to
a perfeita cadência
contida no próprio nome,nordestino,
mexia furiosa/mente
mas silenciosa
mente com a minha calada
alminha em gritos.
Morte e Vida Severina:
morte e vida da menina,
que fui-serei
jovem mulher boquiaberta
ante o Chumbo daqueles anos.
de Me-lo Ne-to
a perfeita cadência
contida no próprio nome,nordestino,
mexia furiosa/mente
mas silenciosa
mente com a minha calada
alminha em gritos.
Morte e Vida Severina:
morte e vida da menina,
que fui-serei
jovem mulher boquiaberta
ante o Chumbo daqueles anos.
A Idade de Serrote,
de Murilo (Mineiro) Mendes,
serrava minhas resistências acadêmicas
restantes e condicionadas
e produzia
aparas de Poesia...
Descobri resiliências e resisti...
de Murilo (Mineiro) Mendes,
serrava minhas resistências acadêmicas
restantes e condicionadas
e produzia
aparas de Poesia...
Descobri resiliências e resisti...
FONTE:http://www.vaniadiniz.pro.br/espaco_ecos/entre_pessoas/textos_entre_pessoas.htm
Clevane Pessoa de Araújo Lopes, nordestina de S.José de Mipibu, RN, mora em Minas Gerais desde a infância, tendo retornado à capital mineiro depois de dez anos no NE(S.Luiz, Maranhão) e N( Belém,Pará).
É psicóloga, tendo estudado no CES em Juiz de Fora até ao oitavo período.Por motvo de enlace, com o engenheiro civil Eduardo Lopes da Silva, mudou-se para Belo Horizonte e concluiu o curso na FUMEC.
Escreve desde a infância e poesia a partir dos dez anos de idade.Palestrista, oficineira, em temas literários ou de psicologia, é desenhista e gosta da beleza-em todas as suas fontes vertentes.
Embaixadora universal da paz (Cercle Univ.de Les embassadeurs de la Paix-genebra, Suiça), poeta Honoris causa pelo CBLP,para oito países Lusófonos, Patroness da AVSPE, Diretora regional do inBrasCi em Belo Horizonte,Integra a rede Catitu na Núcleo de Entrevistas Clevane Pessoa entre Pessoas,é Representante do Movimento Cultural aBrace (Uruguai Brasil), na capital mineira e é Delegada da ALPAS XXI por MG e bahia.Pertence á Academia de Trovas do RN desde 1968 e a outras academias literárias , na qualidade de Memebro Correspondente.Nos Anos 60/70,foi nomeada Delegada Ad Honoren," com todas as honras de representação distinguida", do Instituto de Cultura Americana,registro 5041-França, Paris, UNESCO, pela filial do Uruguai e da ARIEL (Associação de Livres Pensadores), pela filial de Portugal.Graças a esse dois últimos cargos, forneceu cartas de apresentação a artistas e poetas brasileiros,que dessa forma, escaparam da Ditadura Militar e puderam sair do País.
É mãe de Cleanton Alessandro (Allez pessoa, contrabaixista e desenhista e Gabriel (massoterapeuta),viúva de Eduardo Lopes da Silva.
É psicóloga, tendo estudado no CES em Juiz de Fora até ao oitavo período.Por motvo de enlace, com o engenheiro civil Eduardo Lopes da Silva, mudou-se para Belo Horizonte e concluiu o curso na FUMEC.
Escreve desde a infância e poesia a partir dos dez anos de idade.Palestrista, oficineira, em temas literários ou de psicologia, é desenhista e gosta da beleza-em todas as suas fontes vertentes.
Embaixadora universal da paz (Cercle Univ.de Les embassadeurs de la Paix-genebra, Suiça), poeta Honoris causa pelo CBLP,para oito países Lusófonos, Patroness da AVSPE, Diretora regional do inBrasCi em Belo Horizonte,Integra a rede Catitu na Núcleo de Entrevistas Clevane Pessoa entre Pessoas,é Representante do Movimento Cultural aBrace (Uruguai Brasil), na capital mineira e é Delegada da ALPAS XXI por MG e bahia.Pertence á Academia de Trovas do RN desde 1968 e a outras academias literárias , na qualidade de Memebro Correspondente.Nos Anos 60/70,foi nomeada Delegada Ad Honoren," com todas as honras de representação distinguida", do Instituto de Cultura Americana,registro 5041-França, Paris, UNESCO, pela filial do Uruguai e da ARIEL (Associação de Livres Pensadores), pela filial de Portugal.Graças a esse dois últimos cargos, forneceu cartas de apresentação a artistas e poetas brasileiros,que dessa forma, escaparam da Ditadura Militar e puderam sair do País.
É mãe de Cleanton Alessandro (Allez pessoa, contrabaixista e desenhista e Gabriel (massoterapeuta),viúva de Eduardo Lopes da Silva.
Clevane Pessoa-Recital Terças Poéticas-
vestindo a camiseta com versos de Lindolf Bell,
homenageado, sobre o vestido, para interpretar seus poemas.2008
Palácio das Artes;
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